RIO DE JANEIRO: Fernandinho Beira-Mar virá ao Rio para ser julgado por homicídio cometido em 1999
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Beira-Mar, virá ao Rio para ser julgado Foto: Marcelo Theobald / 29.10.2007
Marcos Nunes
Apontado pela polícia como o principal integrante da facção criminosa que tentou retomar o controle do Complexo do Alemão, na terça-feira, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, já está de malas prontas. Ele deixará a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde está preso, e viajará para o Rio. Depois de mais de 20 anos longe de Duque de Caxias, onde nasceu, o traficante mais perigoso do país retornará à Baixada Fluminense para ser julgado por crime de homicídio, no dia 21 de outubro.
O julgamento foi marcado para as 13h pelo juiz Paulo Rodolfo Maximiliano Gomes Tostes, da 4ª Vara Criminal de Caxias. A data consta do despacho do processo 0003073-15.2000.8.19.0021. O EXTRA procurou Francisco Santana do Nascimento, advogado do traficante. Ele disse que Beira-Mar já sabe que virá a Caxias:
— Ele virá, o julgamento não será feito por videoconferência. Isso prejudicaria a defesa. Os jurados têm que ver o acusado para julgar se a acusação procede ou não.
O advogado também disse ter feito um pedido para que Beira-Mar fosse julgado no Fórum do Rio, mas a solicitação foi negada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
— Achei que, em Caxias, os jurados não estariam tranquilos para julgar meu cliente. Pedi primeiro a nulidade do processo e depois o desaforamento (transferência de fórum), mas o STF negou — disse.
Ordem por telefone
Beira-Mar é acusado de comandar, por telefone, a execução do estagiário de informática Michel Anderson Nascimento dos Santos. Ele foi morto na Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, em 30 de agosto de 1999. O rapaz teria tido um relacionamento com Joelma Carlos de Oliveira, uma das mulheres de Luiz Fernando da Costa. A ordem para a execução dada por Beira-Mar foi interceptada por uma escuta da Polícia Federal (PF).
No telefonema, o traficante conversou com cúmplices e falou com o estagiário, que pediu para ser poupado. Beira-Mar, porém, ordenou que a tortura continuasse. O rapaz teve os braços e as pernas arrancados. O corpo desapareceu. Joelma, que não foi mais encontrada, também teria sido morta por ordem do traficante.
Segurança será reforçada
A Diretoria Geral de Segurança Institucional do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) enviou um ofício ao Comando da Polícia Militar, solicitando providências para o julgamento de Fernandinho Beira-Mar. O bandido deverá chegar ao Rio escoltado pela Polícia Federal, que será responsável por acompanhá-lo até o Fórum de Duque de Caxias.
O planejamento da segurança do júri e a tarefa de evitar tentativas de resgate do preso ficarão a cargo do coronel PM Marcus Jardim. Responsável pelo 3º Comando de Policiamento de Área (Baixada Fluminense), o oficial preferiu não dizer quantos policiais serão mobilizados, mas garantiu que haverá total segurança:
— Estamos reforçando o policiamento no período que antecede o julgamento, no dia do julgamento e depois.
Rígido controle
Comunidades controladas pela facção de Beira-Mar, em Caxias, poderão ser ocupadas pela PM durante o julgamento. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque (BPChq) deverão reforçar o patrulhamento no fórum. A entrada será controlada e o acesso ao segundo andar poderá ficar restrito a advogados, promotores e testemunhas. Também estuda-se a adoção de medidas de segurança, como a instalação de detectores de metais.
O EXTRA esteve sexta-feira à tarde, no Fórum de Caxias, para tentar falar com o juiz Paulo Rodolfo Maximiliano Gomes Tostes. A informação de funcionários do cartório é a de que o juiz está de licença médica e só retornará em outubro. A juíza substituta Márcia Paixão também foi procurada, mas, segundo funcionários, ela estava em reunião no TJ-RJ.
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